domingo, 22 de julho de 2012

Leitura e fontes de pesquisa ainda é realidade distante


Em Crateús (CE), por nunca terem tido acesso a livros e internet, muitos alunos nem sentem falta desses recursos
Sala de leitura no Município de Crateús, na localidade de Jardim (Foto: Silvania Claudino)
Sala de leitura no Município de Crateús, na localidade de Jardim (Foto: Silvania Claudino)
Crateús. No Interior do Ceará, o acesso à leitura e fontes de pesquisa ainda é uma realidade distante para muitos professores e alunos. Bibliotecas são equipamentos raros, até na sede, quanto mais na zona rural.
Neste Município, das 35 escolas existentes na zona rural, 15 possuem espaço para leitura, as chamadas “Salas de Leitura”, consideradas como mini bibliotecas ou ainda acervo bibliográfico, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Educação. São cerca de 5.637 alunos matriculados nestas unidades escolares da zona rural.
Na Escola de Cidadania Maria Bezerra de Melo, localizada na localidade de Cabeça da Onça, a mais distante da sede do Município, os professores e os quase 250 alunos têm acesso limitado a fontes de pesquisa. A única fonte são os livros didáticos, algumas revistas e livros paradidáticos. Não tem sala de leitura. A internet também ainda não chegou. Professores se ressentem da dificuldade em desenvolver algumas atividades diferenciadas para os alunos. 72 quilômetros separam a localidade da sede, empecilho para a pesquisa na Biblioteca Pública da cidade ou lan houses.
“Sentimos falta de material de pesquisa e internet. Quando precisamos, vamos buscar fontes em Crateús ou em Novo Oriente, que é mais próximo daqui”, ressalta a professora Geicy Ribeiro, que leciona na escola. Segundo ela, a maioria dos alunos sente falta de um espaço com livros e acesso à internet, mas muitos não se ressentem da lacuna, pelo simples fato de nunca terem tido acesso a essas fontes. “Como não conhecem, então não sentem falta”, destaca.
Critério
O critério para a implantação das Salas de Leitura é o número de alunos, de acordo com a Secretaria. E nas escolas que não existem o espaço se deve ao pequeno número de alunos, menos que uma centena ou porque são classificadas como anexo das escolas maiores, geralmente com apenas uma sala em funcionamento. Para as escolas que não possuem o espaço de pesquisa e leitura, a Secretaria tenta suprir a carência com o envio sistemático de livros.
Pesquisa
Nas 15 escolas que contam com o equipamento, que são as escolas maiores, o acervo atende às necessidades de pesquisa dos estudantes, assim garante a Secretaria. A Escola de Santa Rosa, na localidade de Jardim, é exemplo no Município da existência do equipamento, da boa utilização e resultados. Vários projetos de leitura são desenvolvidos na unidade, voltados para a leitura. Sendo, inclusive, premiada como Escola Nota Dez.
Na maioria dos estabelecimentos de ensino o acervo é atualizado anualmente e há projetos de implantação em mais escolas, dependendo do número de alunos em 2013.
“Os números mostram que precisam ser implantados mais espaços de leitura e pesquisa, mas nas que existem são satisfatórios. Onde não tem e faz falta e enviamos livros e material periodicamente”, garante Cleonice Monteiro, coordenadora pedagógica da Secretaria Municipal. A técnica cita também os laboratórios de informática existentes em grande parte das escolas, que minimizam a carência de bibliotecas. Os alunos fazem pesquisas via internet.
Desafio
De acordo com a técnica, outra estratégia utilizada pela gestão municipal na tentativa de suprir a lacuna é a compra de livros na Bienal, que acontece anualmente no Estado. Os exemplares são adquiridos e distribuídos para todas as escolas, especialmente para as que não possuem acervo bibliográfico.
Outro desafio é chamar a atenção dos estudantes para o hábito da leitura, que pode ser prejudicada com a crescente utilização somente da internet como fonte de pesquisa.
De acordo com a educadora, nas escolas que possuem laboratório de informática os estudantes utilizam muito a internet como fonte de pesquisa. “Os que dominam bem a rede pouco utilizam os livros e os professores recebem formação e acompanhamento da Secretaria para a orientação nesse aspecto, definindo bem as duas fontes. A internet destina-se a pesquisas e a biblioteca para leituras”, frisa Cleonice.
Espaços
“Os números mostram que precisam ser implantados mais espaços de leitura e pesquisa”
Cleonice Monteiro
Coordenadora pedagógica da Secretaria
Informações
Secretaria Municipal de Educação de Crateús
Centro Administrativo – Rua Cel. Totó, S/N
Telefone:  (088)3692-3311
Fonte: Diário do Nordeste | Silvania Claudino